POR QUE
ENSINAR MATEMÁTICA?
As mentiras que dizemos acerca de nossos deveres e
propósitos, as palavras sem sentido da Ciência e Filosofia, são paredes que
caem ante um pequenino "Por quê?".
John Steinbeck
The Log from the Sea of Cortez
John Steinbeck
The Log from the Sea of Cortez
A Matemática é útil !
Esta é uma muito citada razão para ensinarmos
Matemática. Ninguém se atreveria a dizer o contrário.
As perguntas que precisam ser respondidas, contudo, são:
A matemática que ensinamos foi selecionada de acordo com esse critério?
e, a resposta sendo sim , há mais esta:
Alguém, recentemente, reexaminou o presente currículo tendo em vista o citado critério?
As perguntas que precisam ser respondidas, contudo, são:
A matemática que ensinamos foi selecionada de acordo com esse critério?
e, a resposta sendo sim , há mais esta:
Alguém, recentemente, reexaminou o presente currículo tendo em vista o citado critério?
Se examinarmos as aplicações que aparecem nas listas de exercícios de nossos livros textos, veremos que não pode-se acreditar que nossos currículos tenham sido selecionados em termos de plausíveis utilidades.
Implícito na cultura ocidental está a
noção de que a Natureza é regida por leis matemáticas. A crença no Determinismo
nos faz crer que se conhecermos as leis ( matemáticas ) da Natureza, bastará
alimentá-las com dados/medidas para podermos ficar conhecendo o futuro. Causa e
previsível efeito. Mais do que isso, as formas naturais imitariam a perfeição
das figuras euclidianas, como círculos e triângulos. Nas palavras de Galileo
Galilei: Deus escreveu o Universo usando
a linguagem matemática. Consequentemente, o entendimento da Matemática é
pre-requisito para o entendimento, apreciação e controle da Natureza.
Na verdade, Deus deve ter escrito o Universo em linguagem matemática, mas está ficando cada vez mais evidente que para isso ele não usou as equações e fórmulas estudas no primário e secundário. Essas suposições implicam que os fenômenos naturais são descritos por funções deriváveis, e isso não corresponde ao que se mede e observa nos laboratórios e no campo. Ademais,já é de algum tempo que os matemáticos aplicados sabem que a Matemática não rege a Natureza; ela apenas a descreve e isso de modo bastante grosseiro. Descobertas recentes, como a caoticidade, enterraram bem fundo o Determinismo Clássico.
Na verdade, Deus deve ter escrito o Universo em linguagem matemática, mas está ficando cada vez mais evidente que para isso ele não usou as equações e fórmulas estudas no primário e secundário. Essas suposições implicam que os fenômenos naturais são descritos por funções deriváveis, e isso não corresponde ao que se mede e observa nos laboratórios e no campo. Ademais,já é de algum tempo que os matemáticos aplicados sabem que a Matemática não rege a Natureza; ela apenas a descreve e isso de modo bastante grosseiro. Descobertas recentes, como a caoticidade, enterraram bem fundo o Determinismo Clássico.
Duas opiniões suportando o que acabamos de
colocar:
1.
Se as leis da Matemática
aplicam-se a realidade, não estou certo. E se elas são certas, elas não
aplicam-se a realidade.
Albert Einstein, em Geometry and Experience.
Albert Einstein, em Geometry and Experience.
2.
O que observamos não é
propriamente a Natureza, mas sim a Natureza revelada ao nosso método de
questionamento.
Werner Heisenberg, em Physics and Philosophy.
Werner Heisenberg, em Physics and Philosophy.
Um currículo de matemática baseado em paradigma
descritivo , em vez de um paradigma prescritivo, ainda está por ser
desenvolvido.
A Matemática prepara para a cidadania !
O preparo do cidadão envolve o
desenvolvimento de habilidades profissionais. Muitas dessas dependem de
matemática.
Essa, sem dúvida, é uma justificativa mais
do que suficiente para ensinarmos matemática. Eu acrescentaria que os
estudantes devem, também, adquirir habilidades relacionadas com o gerenciamento responsável de suas finanças pessoais.
Em adição, para que possa participar das decisões políticas cada vez mais
comuns na sociedade moderna, é necessário um certo nível de entendimento de conceitos estatísticos e econômicos.
Essa matemática apropriada para o preparo
da cidadania não é ensinada no nosso sistema escolar. Sob a denominação de
Consumer Mathematics, tópicos modificados ( leia-se "diluídos" )
desse tipo começam a ser oferecidos, nos USA e Canadá, para alunos que não
pretendem ingressar na universidade.
Entre o que estuda-se nos secundário há
pre-requisitos para tópicos essenciais encontrados na educação universitária ou
vocacional. Estudantes que esperam fazer estudos pós-secundários, em escolas
técnicas ou universidades, sabem que boas notas nas disciplinas de matemática do
secundário são fundamentais para o ingresso nessas instituições. A tendência é
de nem ser mais suficiente ter "boas notas", é cada vez mais
importante ter as "melhores notas".
Mas é também verdade que as pessoas
responsáveis pelos exames vestibulares sabem que a Matemática é um eficiente filtro. E eles até defendem-se alegando
que quem teve bom desempenho em Matemática demonstrou capacidade de aprender e
é, consequentemente, capaz de sair-se bem em outros assuntos. Isso
provavelmente é verdadeiro; mas será que não é demasiado desperdício e será que
não existe outro critério com maior correlação com o sucesso ?
Uma das coisas que torna a Matemática
especialmente atrativa com filtro é sua alta capacidade de discriminar entre
respostas certas e erradas. Isso lhe dá uma aura de instrumento altamente
preciso.
De qualquer modo, como os vestibulares de
vários tipos envolvem prova de conhecimento de matemática do secundário, todo o
currículo do secundário acabou gravitando em torno disso. Resultado: formação
cultural, desenvolvimento da capacidade de pensar e resolver problemas,
utilidade na vida do cotidiano, entendimento dos fenômenos naturais, e a
cidadania consciente e informada NADA TEM A VER com tal currículo.
Apesar do pequeno percentual de estudantes
que completam estudos pós-secundários, muitas vezes em campos envolvendo
nenhuma matemática, o currículo do primário e secundário é determinado em
função do que as instituições pós-secundárias exigem em seus exames de
admissão. E isso é tudo.
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