sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Exercícios sobre Sistema de Equações do 1º Grau

01) (SEAP1103/001-AgEscVigPen-V1 – 2012) – Em uma sorveteria, o preço de 3 sorvetes e 1 garrafa de água é de R$ 12,00. Ângelo comprou dois desses sorvetes e três garrafas dessa água e pagou R$ 15,00. O valor de uma garrafa de água é de

(A) R$ 1,00.

(B) R$ 1,50.

(C) R$ 2,00.

(D) R$ 2,50.

(E) R$ 3,00.

02) (SEAP0802/01-SegPenitClasseI-V1 – 2009) – Um determinado presídio abriga um total de 376 detentos em 72 celas. Sabe-se que uma parte dessas celas abriga 4 detentos por cela, e que a outra parte abriga 6 detentos por cela. O número de celas com 4 detentos é igual a

(A) 46.

(B) 42.

(C) 30.

(D) 28.

(E) 24.

03)
(UNAQ1001/05-AssistInformI – 2011) – Certo dia, uma lanchonete vendeu 16 copos de suco de laranja e 14 copos de suco de abacaxi, recebendo, por isso, um total de R$ 67,00. Uma pessoa comprou um copo de suco de cada tipo, pagando, no total, R$ 4,50. Então, a diferença entre o preço dos copos de suco é de

(A) R$ 0,50.

(B) R$ 0,70.

(C) R$ 1,00.

(D) R$ 1,20.

(E) R$ 1,50.


04)
(IMSP0801/02-AjImpOffsetRotativa) – Dois casais de namorados foram à feira e pararam em frente a uma banca que vendia pastéis e caldo de cana. O primeiro casal pagou R$ 5,40 por um pastel especial e dois copos de caldo de cana. O segundo casal pagou R$ 9,60 por três copos de caldo de cana e dois pastéis especiais. A diferença entre o preço de um pastel especial e o preço de um copo de caldo de cana foi de

(A) R$ 2,00.

(B) R$ 1,80.

(C) R$ 1,50.

(D) R$ 1,20.

(E) R$ 1,00.


05)
(PMES0802/01-SoldadoPM-2ªClasse-MilitarEstadual(Masc) – 2008 ) – Em uma lanchonete, 2 sanduíches naturais mais 1 copo de suco custam R$ 10,00, e 1 sanduíche natural mais 2 copos de suco custam R$ 9,20. O preço de um sanduíche natural mais um copo de suco é

(A) R$ 6,40.

(B) R$ 6,90.

(C) R$ 7,20.

(D) R$ 8,80.

(E) R$ 9,60.



06) (TJSP/EscrevTécJudic/1 – 2006) – Numa fazenda há ovelhas e avestruzes, totalizando 90 cabeças e 260 patas. Comparando-se o número de avestruzes com o das ovelhas, pode-se afirmar que há

(A) igual número de ovelhas e de avestruzes.

(B) dez cabeças a mais de ovelhas.

(C) dez cabeças a mais de avestruzes.

(D) oito cabeças a mais de ovelhas.

(E) oito cabeças a mais de avestruzes.


07)
(CASA0902/33-AnAdministrativo – 2010) – Em um jogo de 38 perguntas, cada competidor responde todas as perguntas e pode atingir, no máximo, 100 pontos. Cada pergunta respondida corretamente vale 2 ou 5 pontos, dependendo da pergunta. Nesse jogo, o número de perguntas no valor de 5 pontos corresponde, do total de perguntas, aproximadamente a

(A) 12%.

(B) 15%.

(C) 18%.

(D) 21%.

(E) 24%.

08)
(TJSP0905/01-OficialdeJustiça-V1 – 2009) – Em uma biblioteca escolar, uma pilha de 50 livros tinha 1,8 m de altura e era formada por livros paradidáticos iguais, de 3 cm de espessura, e livros didáticos iguais, de 6 cm de espessura. A bibliotecária retirou metade dos livros didáticos da pilha, para arrumá-los numa estante e, assim, a altura da pilha foi reduzida em

(A) 30 cm.

(B) 42 cm.

(C) 50 cm.

(D) 56 cm.

(E) 60 cm.

09) (PMES1001/01-SoldadoPM2ªClasseMilEstFeminino – 2010) – Uma pessoa comprou vários sabonetes, todos da mesma marca, alguns com 50 g e outros com 90 g, num total de 40 unidades. O preço de um sabonete de 50 g era R$ 0,70 e o de 90 g era R$ 1,20. Sabendo-se que no total dessa compra foram gastos R$ 35,50, então o número comprado de sabonetes de 50 g foi

(A) 27.

(B) 25.

(C) 23.

(D) 20.

(E) 18.
10) (PMES0903/01-SoldadoPM – 2009) – Em uma padaria, dois brigadeiros mais um quindim custam R$ 5,00. Uma pessoa comprou três brigadeiros e dois quindins e pagou R$ 8,50 por eles. Nessas condições, pode-se concluir que

(A) um brigadeiro custa R$ 0,50 a mais que um quindim.

(B) um brigadeiro custa R$ 1,00 a mais que um quindim.

(C) um quindim custa R$ 0,50 a mais que um brigadeiro.

(D) um quindim custa R$ 1,00 a mais que um brigadeiro.

(E) um quindim custa o mesmo que um brigadeiro.
11) Uma escola aplicou um provão para os alunos concluintes do 9.º ano do Ensino Fundamental, contendo 50 questões. Cada aluno ganhava quatro pontos para cada resposta correta e perdia um ponto para cada resposta errada. Se Eduardo fez 130 pontos, o número de questões acertadas por ele foi
(A) 35.

(B) 36.

(C) 37.

(D) 38.

(E) 39.
12) (PMPP1101/004-ProfessorI – 2012) – Um professor instituiu uma gincana de conhecimento. A cada questão que o aluno acertava, ganhava 10 pontos, e a cada questão errada, perdia 5 pontos. Um aluno que respondeu a 20 questões e totalizou 65 pontos acertou

(A) 11 questões.

(B) 10 questões.

(C) 9 questões.

(D) 8 questões.

(E) 7 questões.
13) (CTSB0901/06-TécAdministrativo-Secretária – 2009) – Dois amigos foram juntos ao supermercado para comprar vinhos. Um deles comprou 3 garrafas do vinho A e 2 do vinho B, pagando o total de R$ 79,00. O outro comprou 5 garrafas do vinho A e 1 do vinho B, pagando o total de R$ 92,00. Pode-se concluir que 1 garrafa do vinho A custa, em relação a 1 garrafa do vinho B,

(A) a metade.

(B) o dobro.

(C) o mesmo valor.

(D) R$ 2,00 a mais.

(E) R$ 2,00 a menos.
14) (PMMC0902/02-AuxApoioAdm-tarde – 2009) – Em uma promoção de uma loja de móveis, todas as cadeiras estão à venda pelo mesmo preço e apenas um tipo de banquinho está sendo comercializado. Nessas condições, o preço de duas cadeiras mais um banquinho é R$ 340,00, e o preço de três banquinhos mais uma cadeira é R$ 270,00. Então, o preço de um banquinho mais uma cadeira é

(A) R$ 40,00.

(B) R$ 80,00.

(C) R$ 120,00.

(D) R$ 150,00.

(E) R$ 190,00.

15) (CTSB1201/010-TécAdm – 2013) – Uma pessoa foi a uma papelaria e comprou 2 pastas grandes, 3 pastas médias e 1 pasta pequena, pagando, no total, R$ 21,20. Se tivesse comprado 3 pastas grandes, 2 pastas médias e 1 pasta pequena, teria gastado R$ 22,80, mas se tivesse comprado 3 pastas de cada tamanho teria gastado R$ 30,00. A diferença de preço entre a pasta mais cara e a pasta mais barata era

(A) R$ 4,80.

(B) R$ 4,50.

(C) R$ 3,20.

(D) R$ 3,00.

(E) R$ 2,80.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Simulado #1 9º ano Prova Brasil

https://drive.google.com/file/d/0Byy9AuyyRJoDS2pmekdvTGdfeWs/view?usp=sharing

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Material sobre Matemática

Pessoal, estou disponibilizando material sobre matemática no face: professor Wagner Matemática e no youtube: Francisco Wagner. Curti lá!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

2ª ADA 2015 para 9º ano

Avaliação para preparação para Prova Brasil 2015.
https://drive.google.com/file/d/0BzPewewkSxkzRUtDcU9VenU4Rnc/view?usp=sharing

2ª Avaliação Dirigida Amostral Goiás 2015

Preparação para prova Brasil. Acesse o link e veja a prova.


https://drive.google.com/file/d/0BzPewewkSxkzMGg5Qk1rM1pPRUk/view?usp=sharing

O aluno e o Saber Matemático

O aluno e o saber matemático
As necessidades cotidianas fazem com que os alunos desenvolvam uma inteligência essencialmente prática, que permite reconhecer problemas, buscar e selecionar informações, tomar decisões e, portanto, desenvolver uma ampla capacidade para lidar com a atividade matemática. Quando essa capacidade é potencializada pela escola, a aprendizagem apresenta melhor resultado.
No entanto, apesar dessa evidência, tem-se buscado, sem sucesso, uma aprendizagem em Matemática pelo caminho da reprodução de procedimentos e da acumulação de informações; nem mesmo a exploração de materiais didáticos tem contribuído para uma aprendizagem mais eficaz, por ser realizada em contextos pouco significativos e de forma muitas vezes artificial.
É fundamental não subestimar a capacidade dos alunos, reconhecendo que resolvem
problemas, mesmo que razoavelmente complexos, lançando mão de seus conhecimentos sobre o assunto e buscando estabelecer relações entre o já conhecido e o novo.
O significado da atividade matemática para o aluno também resulta das conexões que ele estabelece entre ela e as demais disciplinas, entre ela e seu cotidiano e das conexões que ele percebe entre os diferentes temas matemáticos.
 Ao relacionar idéias matemáticas entre si, podem reconhecer princípios gerais, como
proporcionalidade, igualdade, composição e inclusão e perceber que processos como o estabelecimento de analogias, indução e dedução estão presentes tanto no trabalho com números e operações como em espaço, forma e medidas.
O estabelecimento de relações é tão importante quanto a exploração dos conteúdos matemáticos, pois, abordados de forma isolada, os conteúdos podem acabar representando muito pouco para a formação do aluno, particularmente para a formação da cidadania.


O professor e o saber matemático

O conhecimento da história dos conceitos matemáticos precisa fazer parte da formação dos professores para que tenham elementos que lhes permitam mostrar aos alunos a Matemática como ciência que não trata de verdades eternas, infalíveis e imutáveis, mas como ciência dinâmica, sempre aberta à incorporação de novos conhecimentos.
Além disso, conhecer os obstáculos envolvidos no processo de construção de conceitos é de grande utilidade para que o professor compreenda melhor alguns aspectos da aprendizagem dos alunos.
O conhecimento matemático formalizado precisa, necessariamente, ser transformado para se tornar passível de ser ensinado/aprendido; ou seja, a obra e o pensamento do matemático teórico não são passíveis de comunicação direta aos alunos. Essa consideração implica rever a idéia, que persiste na escola, de ver nos objetos de ensino cópias fiéis dos objetos da ciência.
Esse processo de transformação do saber científico em saber escolar não passa apenas por mudanças de natureza epistemológica, mas é influenciado por condições de ordem social e cultural que resultam na elaboração de saberes intermediários, como aproximações provisórias, necessárias e intelectualmente formadoras. É o que se pode chamar de contextualização do saber.
Por outro lado, um conhecimento só é pleno se for mobilizado em situações diferentes daquelas que serviram para lhe dar origem. Para que sejam transferíveis a novas situações e generalizados, os conhecimentos devem ser descontextualizados, para serem contextualizados novamente em outras situações. Mesmo no ensino fundamental, espera-se que o conhecimento aprendido não fique indissoluvelmente vinculado a um contexto concreto e único, mas que possa ser generalizado, transferido a outros contextos.


Ensino e aprendizagem de Matemática
no primeiro ciclo

As crianças que ingressam no primeiro ciclo, tendo passado ou não pela pré-escola, trazem consigo uma bagagem de noções informais sobre numeração, medida, espaço e forma, construídas em sua vivência cotidiana. Essas noções matemáticas funcionarão como elementos de referência para o professor na organização das formas de aprendizagem.
As coisas que as crianças observam (a mãe fazendo compras, a numeração das casas, os
horários das atividades da família), os cálculos que elas próprias fazem (soma de pontos de um
jogo, controle de quantidade de figurinhas que possuem) e as referências que conseguem
estabelecer (estar distante de, estar próximo de) serão transformadas em objeto de reflexão e se integrarão às suas primeiras atividades matemáticas escolares.
Desse modo, é fundamental que o professor, antes de elaborar situações de aprendizagem, investigue qual é o domínio que cada criança tem sobre o assunto que vai explorar, em que situações algumas concepções são ainda instáveis, quais as possibilidades e as dificuldades de cada uma para enfrentar este ou aquele desafio.
É importante salientar que partir dos conhecimentos que as crianças possuem não significa restringir-se a eles, pois é papel da escola ampliar esse universo de conhecimentos e dar condições a elas de estabelecerem vínculos entre o que conhecem e os novos conteúdos que vão construir, possibilitando uma aprendizagem significativa.
Uma característica marcante dos alunos deste ciclo é que sua participação nas atividades tem um caráter bastante individualista, que os leva a não observar a produção dos colegas; nesse sentido, é fundamental a intervenção do professor, socializando as estratégias pessoais de abordagem de um problema, sejam elas semelhantes ou diferentes, e ensinando a compartilhar conhecimentos.
Eles também se utilizam de representações tanto para interpretar o problema como para comunicar sua estratégia de resolução. Essas representações evoluem de formas pictóricas (desenhos com detalhes nem sempre relevantes para a situação) para representações simbólicas, aproximando-se cada vez mais das representações matemáticas. Essa evolução depende de um trabalho do professor no sentido de chamar a atenção para as representações, mostrar suas diferenças, as vantagens de algumas, etc.
Ao explorarem as situações-problema, os alunos deste ciclo precisam do apoio de recursos como materiais de contagem (fichas, palitos, reprodução de cédulas e moedas), instrumentos de medida, calendários, embalagens, figuras tridimensionais e bidimensionais, etc.
Contudo, de forma progressiva, vão realizando ações, mentalmente, e, após algum tempo, essas ações são absorvidas. Assim, por exemplo, se mostram a certa altura capazes de encontrar todas as possíveis combinações aditivas que resultam 10, sem ter necessidade de apoiar-se em materiais e é importante que isso seja incentivado pelo professor.
Um aspecto muito peculiar a este ciclo é a forte relação entre a língua materna e a
linguagem matemática. Se para a aprendizagem da escrita o suporte natural é a fala, que funciona como um elemento de mediação na passagem do pensamento para a escrita, na aprendizagem da Matemática a expressão oral também desempenha um papel fundamental.
Falar sobre Matemática, escrever textos sobre conclusões, comunicar resultados, usando ao mesmo tempo elementos da língua materna e alguns símbolos matemáticos, são atividades importantes para que a linguagem matemática não funcione como um código indecifrável para os alunos.




Conteúdos de Matemática para
o primeiro ciclo
No primeiro ciclo as crianças estabelecem relações que as aproximam de alguns conceitos, descobrem procedimentos simples e desenvolvem atitudes perante a Matemática.
Os conhecimentos das crianças não estão classificados em campos (numéricos, geométricos, métricos, etc.), mas sim interligados. Essa forma articulada deve ser preservada no trabalho do professor, pois as crianças terão melhores condições de apreender o significado dos diferentes conteúdos se conseguirem perceber diferentes relações deles entre si.
Desse modo, embora o professor tenha os blocos de conteúdo como referência para seu
trabalho, ele deve apresentá-los aos alunos deste ciclo da forma mais integrada possível.
Em função da própria diversidade das experiências vivenciadas pelas crianças também não é possível definir, de forma única, uma seqüência em que conteúdos matemáticos serão trabalhados nem mesmo o nível de aprofundamento que lhes será dado.
Por outro lado, o trabalho a ser desenvolvido não pode ser improvisado, pois há objetivos a serem atingidos. Embora seja possível e aconselhável que em cada sala de aula sejam percorridos diferentes caminhos, é importante que o professor tenha coordenadas orientadoras do seu trabalho; os objetivos e os blocos de conteúdos são excelentes guias.
Uma abordagem adequada dos conteúdos supõe uma reflexão do professor diante da questão do papel dos conteúdos e de como desenvolvê-los para atingir os objetivos propostos.
Com relação ao número, de forma bastante simples, pode-se dizer que é um indicador de quantidade (aspecto cardinal), que permite evocá-la mentalmente sem que ela esteja fisicamente presente. É também um indicador de posição (aspecto ordinal), que possibilita guardar o lugar ocupado por um objeto, pessoa ou acontecimento numa listagem, sem ter que memorizar essa lista integralmente. Os números também são usados como código, o que não tem necessariamente ligação direta com o aspecto cardinal, nem com o aspecto ordinal (por exemplo, número de telefone, de placa de carro, etc.).
No entanto, essas distinções não precisam ser apresentadas formalmente, mas elas serão identificadas nas várias situações de uso social que os alunos vivenciam e para as quais o professor vai lhes chamar a atenção.
É a partir dessas situações cotidianas que os alunos constroem hipóteses sobre o significado dos números e começam a elaborar conhecimentos sobre as escritas numéricas, de forma semelhante ao que fazem em relação à língua escrita.
As escritas numéricas podem ser apresentadas, num primeiro momento, sem que seja
necessário compreendê-las e analisá-las pela explicitação de sua decomposição em ordens e classes (unidades, dezenas e centenas). Ou seja, as características do sistema de numeração são observadas, principalmente por meio da análise das representações numéricas e dos procedimentos de cálculo, em situações-problema.
Grande parte dos problemas no interior da Matemática e fora dela são resolvidos pelas
operações fundamentais. Seria natural, portanto, que, levando em conta essa relação, as atividades para o estudo das operações se iniciasse e se desenvolvesse num contexto de resolução de problemas.
No entanto, muitas vezes se observa que o trabalho é iniciado pela obtenção de resultados básicos, seguido imediatamente pelo ensino de técnicas operatórias convencionais e finalizado pela utilização das técnicas em “problemas-modelo”, muitas vezes ligados a uma única idéia das várias que podem ser associadas a uma dada operação.
No primeiro ciclo, serão explorados alguns dos significados das operações, colocando-se em destaque a adição e a subtração, em função das características da situação.
Ao longo desse trabalho, os alunos constroem os fatos básicos das operações (cálculos com dois termos, ambos menores do que dez), constituindo um repertório que dá suporte ao cálculo mental e escrito. Da mesma forma, a calculadora será usada como recurso, não para substituir a construção de procedimentos de cálculo pelo aluno, mas para ajudá-lo a compreendê-los.
Diversas situações enfrentadas pelos alunos não encontram nos conhecimentos aritméticos elementos suficientes para a sua abordagem. Para compreender, descrever e representar o mundo em que vive, o aluno precisa, por exemplo, saber localizar-se no espaço, movimentar-se nele, dimensionar sua ocupação, perceber a forma e o tamanho de objetos e a relação disso com seu uso.
Assim, nas atividades geométricas realizadas no primeiro ciclo, é importante estimular os alunos a progredir na capacidade de estabelecer pontos de referência em seu entorno, a situar-se no espaço, deslocar-se nele, dando e recebendo instruções, compreendendo termos como esquerda, direita, distância, deslocamento, acima, abaixo, ao lado, na frente, atrás, perto, para descrever a posição, construindo itinerários. Também é importante que observem semelhanças e diferenças entre formas tridimensionais e bidimensionais, figuras planas e não planas, que construam e representem objetos de diferentes formas.
A exploração dos conceitos e procedimentos relativos a espaço e forma é que possibilita ao aluno a construção de relações para a compreensão do espaço a sua volta.
Tanto no trabalho com números e operações como no trabalho com espaço e forma, grandezas de diversas naturezas estarão envolvidas. Pela comparação dessas grandezas, em situações-problema e com base em suas experiências pessoais, as crianças deste ciclo usam procedimentos de medida e constroem um conceito aproximativo de medida, identificando quais atributos de um objeto são passíveis de mensuração.
Não é objetivo deste ciclo a formalização de sistemas de medida, mas sim levar a criança a comprender o procedimento de medir, explorando para isso tanto estratégias pessoais quanto ao uso de alguns instrumentos, como balança, fita métrica e recipientes de uso freqüente. Também é interessante que durante este ciclo se inicie uma aproximação do conceito de tempo e uma exploração do significado de indicadores de temperatura, com os quais ela tem contato pelos meios de comunicação. Isso pode ser feito a partir de um trabalho com relógios de ponteiros, relógios digitais e termômetros.
Os assuntos referentes ao Tratamento da Informação serão trabalhados neste ciclo de modo a estimularem os alunos a fazer perguntas, a estabelecer relações, a construir justificativas e a desenvolver o espírito de investigação.
A finalidade não é a de que os alunos aprendam apenas a ler e a interpretar representações gráficas, mas que se tornem capazes de descrever e interpretar sua realidade, usando conhecimentos matemáticos.
Neste ciclo é importante que o professor estimule os alunos a desenvolver atitudes de
organização, investigação, perseverança. Além disso, é fundamental que eles adquiram uma postura diante de sua produção que os leve a justificar e validar suas respostas e observem que situações de erro são comuns, e a partir delas também se pode aprender. Nesse contexto, é que o interesse, a cooperação e o respeito para com os colegas começa a se constituir.
O primeiro ciclo tem, portanto, como característica geral o trabalho com atividades que
aproximem o aluno das operações, dos números, das medidas, das formas e espaço e da organização de informações, pelo estabelecimento de vínculos com os conhecimentos com que ele chega à escola. Nesse trabalho, é fundamental que o aluno adquira confiança em sua própria capacidade para aprender Matemática e explore um bom repertório de problemas que lhe permitam avançar no processo de formação de conceitos.









Ensino e aprendizagem de Matemática
no segundo ciclo

Muitos dos aspectos envolvendo o processo de ensino e aprendizagem abordados no item referente ao primeiro ciclo precisam também ser considerados pelos professores do segundo ciclo.
Dentre esses aspectos, destaca-se a importância do conhecimento prévio do aluno como ponto de partida para a aprendizagem, do trabalho com diferentes hipóteses e representações que as crianças produzem, da relação a ser estabelecida entre a linguagem matemática e a língua materna e do uso de recursos didáticos como suporte à ação reflexiva do aluno.
No entanto, há outros aspectos a considerar, levando-se em conta que as capacidades
cognitivas dos alunos sofrem avanços significativos. Eles começam a estabelecer relações de causalidade, o que os estimula a buscar a explicação das coisas (porquês) e as finalidades (para que servem). O pensamento ganha maior flexibilidade, o que lhes possibilita perceber transformações. A reversibilidade do pensamento permite a observação de que alguns elementos dos objetos e das situações permanecem e outros se transformam. Desse modo, passam a descobrir regularidades e propriedades numéricas, geométricas e métricas. Também aumenta a possibilidade de compreensão de alguns significados das operações e das relações entre elas. Ampliam suas hipóteses, estendendo-as a contextos mais amplos.
Assim, por exemplo, percebem que algumas regras, propriedades, padrões, que identificam nos números que lhes são mais familiares, também valem para números “maiores”.
É importante ressaltar que, apesar desses avanços, as generalizações são ainda bastante
elementares e estão ligadas à possibilidade de observar, experimentar, lidar com representações, sem chegar, todavia, a uma formalização de conceitos.
Em relação ao ciclo anterior, os alunos deste ciclo têm possibilidades de maior concentração e capacidade verbal para expressar com mais clareza suas idéias e pontos de vista. Pode-se notar ainda uma evolução das representações pessoais para as representações convencionais; em muitos casos têm condições de prescindir de representações pictóricas e podem lidar diretamente com as escritas matemáticas.

Outro ponto importante a destacar é o de que, por meio de trocas que estabelecem entre si, os alunos passam a deixar de ver seus próprios pontos de vista como verdades absolutas e a enxergar os pontos de vista dos outros, comparando-os aos seus. Isso lhes permite comparar e analisar diferentes estratégias de solução.

A Matemática Hoje

A Matemática hoje é...

"Se todos os professores compreendessem que a qualidade do processo mental, não a produção de respostas corretas, é a medida do desenvolvimento educativo, algo de pouco menos do que uma revolução no ensino teria lugar na escola"
(DEWEY, 1996).
Citado por Almeida (1993)
A Matemática é uma disciplina com características muito próprias. Para estudar Matemática é necessário uma atitude especial, assim como para o ensino não basta conhecer, é necessário criar. Com efeito, a Matemática utiliza-se praticamente em todas as áreas: na Economia, na Informática, na Mecânica, na Análise Financeira, entre tantas outras. Porque na nossa sociedade as ciências e as técnicas evoluem de forma vertiginosa, a crescente complexidade dos conceitos teóricos, dado o progresso das tecnologias, cria a necessidade de uma Matemática cada vez mais forte. Donde, a ciência Matemática é ensinada nos nossos dias em quase todo o mundo civilizado. A principal questão que se levanta é: Como ensinar a Matemática? E o problema é o mesmo de sempre: Como motivar o aluno? Como ensiná-lo a pensar? Como torná-lo autónomo?
A Matemática é, sem dúvida, a ciência que melhor permite analisar o trabalho da mente e desenvolver um raciocínio aplicável ao estudo de qualquer assunto ou temática. Contudo, talvez porque foram criados hábitos mentais de que dificilmente nos conseguimos libertar, muitas são as dificuldades que os jovens encontram no seu estudo. Pensamos que as principais dificuldades devem-se ao fato de, no 1º ciclo, não ser devidamente explicitada a relação entre os conteúdos temáticos e a realidade das crianças.
De igual modo, todas estas noções aparecem como se sempre tivessem existido no pensamento humano, originando-se não se sabe como, sem que todos se apercebam de que ela foi, e continua a ser, uma constante e inacabada criação do Homem.
São muitos os problemas do mundo antigo que ainda hoje não têm solução e, por isso, constituem fontes incessantes de novos conceitos. Apesar de ter vindo sempre a evoluir, é notório o desenvolvimento da Matemática no século XX.
Acreditamos que ensinar Matemática sem explicitar a origem e as finalidades dos conceitos é contribuir para o insucesso escolar. Sendo um dos objetivos fundamentais da educação criar no aluno competências, hábitos e automatismos úteis, bem como desenvolver capacidades, urge implementar uma moderna educação Matemática, a qual está relacionada com programas e métodos de ensino - o professor deve saber o que está a ensinar, o modo como o faz e o porquê do que ensina.
A Motivação em Matemática
Esta é uma disciplina em que são notórios os momentos de dificuldade, obstáculos e erro. Isto acontece porque a Matemática é assim mesmo, uma ciência em que é fundamental persistir e não desistir. Quem a encarar desta maneira certamente conseguirá a motivação necessária para gostar dela. Porém, a motivação em Matemática é uma questão complexa. O absentismo por parte dos alunos nesta disciplina é muito mais significativo do que em qualquer outra; por esta razão, cabe ao professor proporcionar um ambiente motivacional de tal modo que todos os alunos se sintam sem ansiedade e sem medo de errar. O erro e as dificuldades devem ser interpretadas como tendo uma grande utilidade na auto-avaliação do aluno. Assim, este poderá ultrapassá-los, obtendo êxito nos domínios em causa.
Como motivar os alunos? Pensamos que, à semelhança da resolução de problemas, não existem receitas. O professor tem que ser capaz de o conseguir; os meios audiovisuais, o jogo e os materiais manipuláveis podem ser a resposta que desejamos encontrar. Até a própria história da Matemática pode ser um começo. Por exemplo, a pequena metragem "Donald no Mundo da Matemática", produzida pela Walt Disney e divulgada entre nós, é um excelente motor para a discussão, exploração e descoberta de conceitos matemáticos, pois estimula a imaginação dos alunos e o próprio interesse pelas temáticas que aborda.
Neste contexto, o professor de Matemática dos nossos dias não pode cruzar os braços e ensinar do mesmo modo que outros o fizeram ontem. É perfeitamente possível esquecer os exercícios rotineiros e fastidiosos de outros tempos, quiçá do atual, entregando os nossos saberes expectantes de uma nova forma de ensinar, motivadora e desafiante.

A problemática da resolução de problemas
"Aqueles que resolvem bem problemas passam tempo a compreender o problema antes de o atacar... podem criar várias representações... usam várias estratégias, empenham-se em processos metacognitivos, incluindo a gestão do progresso e a verificação da resolução e do resultado".
(MAYER, 1983, p.21)
A problemática subjacente à resolução de problemas não é de hoje, mas continua atual, na medida em que não existem ainda respostas em termos da perspectiva com que deve ser encarada no ensino da Matemática. As aulas de Matemática estarão condenadas a ser aulas taciturnas, aborrecidas e desinteressantes, completamente defasadas do meio exterior e sem qualquer aplicação as realidades da vida?
Parece-nos claro que em educação matemática a resolução de problemas esteve desde sempre associada a esta disciplina. Muita da matemática é mesmo a resolução de problemas sobre este ou aquele assunto, uns mais teóricos e outros mais práticos, mas não existe uma receita para os resolver. Porque não resolver problemas da vida real? Porque não resolver problemas que a criança encontra nas suas próprias vivências?
Como referimos anteriormente, não existem receitas; no entanto, alguns modelos de resolução de problemas tem sido divulgados, fruto de trabalhos desenvolvidos nesta área. Com efeito, foi desenvolvida nos últimos 30-40 anos grande parte da literatura a que hoje temos acesso. É crescente a ideia de que o desenvolvimento da capacidade de resolver problemas em Matemática tem repercussões na formação global de qualquer indivíduo. Deste modo, cada um de nós desenvolve capacidades, tais como o pensar, o raciocinar e o resolver problemas relativos à vida do dia-a-dia, podendo inclusive desenvolver o gosto pela Matemática dado o seu caráter de descoberta e aventura. Assim sendo, educadores e formadores matemáticos, atribuem cada vez mais uma maior relevância à disciplina.
Na nossa formação inicial estudamos criticamente alguns dos modelos existentes e, sem dúvida, o modelo de Polya foi eleito o nosso modelo.
Para Polya, existem cinco fases na resolução de um problema, mas como não é nosso objetivo aprofundar este tema (e acreditem que ainda assim muito ficaria por dizer) vamos apenas identificá-las:
. Definição do problema;
. Seleção de uma estratégia de resolução;
. Execução da estratégia selecionada;
. Avaliação do resultado e do processo;
. Auto-avaliação.
Mas nem sempre a resolução de problemas foi encarada desta forma. Na escola tradicional servia principalmente para aplicar e mecanizar conceitos e processos já estudados, quer simples quer muito elaborados. Só em meados dos anos 60 se falou em devolver ao problema um papel importante, ou seja, um iniciar da descoberta para alcançar o conhecimento. Começou então a falar-se da Matemática Moderna, embora esta reforma tenha conhecido alguns obstáculos como a massificação do ensino e o descontentamento gerado em torno da aprendizagem da matemática. Contudo, uma nova noção de problema nasceu e foi crescendo, sendo definida como uma questão ou situação para a qual não se dispõe, de imediato, de nenhum processo rotineiro para a resolver ou de nenhuma resposta.
Esta é uma questão complexa, mas se acreditarmos que com a resolução de problemas ajudamos a encarar a Matemática como uma ciência em constante evolução e, enquanto disciplina, no crescimento de alunos ativos e empenhados na construção dos seus conhecimentos e saberes, teremos que nos esforçar por torná-la central na educação matemática, como refere Polya:
"O principal objetivo da educação é ensinar os mais novos a pensar e a resolução de problemas constitui uma arte prática que todos os alunos podem aprender. Porque o ensino é, na sua perspectiva, também uma arte, ninguém pode programar ou mecanizar o ensino da resolução de problemas; este ensino é uma atividade humana que requer experiência, gosto e bom senso".
(BOAVIDA, 1992, p.109)
Utilizar materiais é importante...
A aula de Matemática deve tornar-se um dos (melhores) locais para preparar os indivíduos que a sociedade atual exige. Deste modo, os professores só podem dar resposta a estas novas exigências e responsabilidades através de uma inovação curricular, de uma nova concepção pedagógica e de uma correta aplicação de materiais.
Segundo as teorias de Jean Piaget, a criança passa por vários estádios ao longo do seu desenvolvimento cognitivo. Também a construção de conceitos matemáticos é um processo longo que requer um envolvimento ativo da criança-aluno e vai progredindo do concreto para o abstrato. Sabe-se também que o processo de abstração matemática começa para as crianças na interação destas com o meio e só depois com os materiais concretos que, em princípio, as conduzem aos conceitos matemáticos. Acontece que estes materiais manipuláveis são fundamentais se pensarmos em ajudar a criança na passagem do concreto para o abstrato, na medida em que eles apelam a vários sentidos e são usados pelas crianças como uma espécie de suporte físico numa situação de aprendizagem. Assim sendo, parece relevante equipar as aulas de Matemática com todo um conjunto de materiais manipuláveis (cubos, geoplanos, tangrans, réguas, papel ponteado, ábaco, e tantos outros) feitos pelo professor, pelo aluno ou produzidos comercialmente, em adequação com os problemas a resolver, as ideias a explorar ou estruturados de acordo com determinado conceito matemático.
Os professores de Matemática necessitam de recursos adequados, sendo fundamentais à aprendizagem e à construção da Matemática não só os materiais manipuláveis como os que acabamos de referir, como também as calculadoras e, às portas do século XXI, os computadores. Se a calculadora deve ou não ser utilizada nas aulas de Matemática, é uma questão controversa, pelo que as opiniões dividem-se. Da nossa parte, julgamos útil utilizá-la em situações de cálculo mas só quando esta é pensada em termos de permitir ao aluno dedicar mais tempo ao processo de resolução. Pensamos que assim estaremos a contribuir para a experimentação, verificação e realização de conjecturas por parte do aluno. Contudo, deve ter-se bastante cuidado pois o seu uso incoerente e desadequado às situações de aprendizagem poderá, a médio ou a longo prazo, inibir o desenvolvimento das capacidades de cálculo.
No que concerne à inclusão do computador nas aulas de Matemática, dado que cada vez mais crescemos num ambiente em que as tecnologias de informação, em especial o computador, este parece assumir atualmente um papel importante. Temos vindo a defender a ideia de que é necessário diversificar o tipo de atividades na sala de aulas. Ora o computador é um ótimo instrumento no desenvolvimento de experiências e no ensaio de estratégias de resolução de problemas. Mas, mais do que isso, ele é importante na construção da própria Matemática: na formulação, investigação e exploração de situações problemáticas, bem como no desenvolvimento do gosto pela disciplina. Na verdade, com a utilização dos computadores o próprio valor estético dos trabalhos realizados neste âmbito pode ser um estímulo positivo já que os jovens vivem diariamente bombardeados por fortes concepções estéticas.
No entanto, é fundamental não esquecer que só a utilização de materiais não garante uma aprendizagem eficaz e significativa. Para além da manipulação, é preciso refletir nos processos e nos produtos porque o mais importante no ensino-aprendizagem da Matemática é a atividade mental a desenvolver nos e pelos alunos.
Sobre o jogo...
A educação matemática derige-se sobretudo para a valorização dos seguintes aspectos: a resolução de problemas, a comunicação, o raciocínio matemático e as conexões. Porque a Matemática é também uma forma de comunicação, uma segunda linguagem, é essencial que a aula de Matemática funcione como um espaço onde o aluno possa comunicar as suas ideias. Neste sentido, as atividades em grupo são extremamente importantes, uma vez que permitem ao aluno aprender a trabalhar com os colegas e, logicamente, a comunicar. O jogo pode revelar-se um ótimo aliado neste processo porque, enquanto jogam, os alunos vão percebendo a(s) finalidade(s) do jogo, compreendendo e partilhando significados e conceitos através do diálogo no grupo e com o professor. Donde, o jogo na aprendizagem da Matemática constitui um fator estimulador da capacidade de comunicar.
Contudo, por vezes, ouvimos alguns professores de Matemática dizer que o jogo, por ser uma atividade lúdica, embora inerente ao desenvolvimento intelectual, emocional e social da criança e da cultura humana, pode transmitir uma ideia errada aos alunos, ou seja, a Matemática lúdica é divertida e, sem jogos, volta a ser difícil, aborrecida e séria. Por este motivo, é necessário apercebermo-nos que durante o jogo há um espaço para a imaginação e a criatividade, mas é crucial definir uma estratégia da sua utilização adequada na sala de aula. A Matemática é divertida, criativa, muito útil, e até mágica, (são muitos os alunos que participam e gostam dos clubes de Matemática) mas urge a sua explicita contextualização com o real.
O insucesso na Matemática
Quando em Sociologia da Educação abordamos esta temática ficamos a conhecer algumas investigações (de Binet e Simon) datadas do início do século, as quais explicavam o insucesso em termos de perturbações e deficiências intrínsecas ao indivíduo. No entanto, hoje, pais e professores acreditam que não existem alunos incapazes e cabe à escola torná-los capazes.
Aprender Matemática é essencialmente aprender uma determinada forma de pensar, que se desenvolve, como todas as outras formas de pensar. É por isso que não aprendemos Matemática da mesma maneira como se fez ontem e se fará amanhã. Pensamos que grande parte do insucesso escolar resulta do desconhecimento deste fato, sobretudo por parte dos responsáveis pela gestão do ensino e todo um conjunto de ações inerentes a este processo. Embora não sendo exclusivo da disciplina de Matemática, o insucesso escolar tornou-se uma preocupação para o sistema educativo português, o qual não deu ainda respostas concretas e eficazes para a solução deste problema. De acordo com afirmações que ouvimos com frequência de gerações anteriores, o insucesso em Matemática já existia nesses tempos, embora assuma atualmente um significado diferente. Frequentemente, encontramos pessoas, mais ou menos jovens, que manifestam uma clara atitude negativa perante a Matemática, provavelmente relacionada com uma frustrante incapacidade para as atividades matemáticas mais elementares do dia-a-dia ou associadas a atividades profissionais. Nas nossas escolas o mesmo acontece, de tal modo que professores e pais já estão habituados a atitudes passivas e desinteressadas acerca da disciplina referida. Nós próprias, com o reduzido tempo de presença nas escolas, na medida em que estamos a iniciar a prática educativa, temos a nítida percepção de que, nas aulas de Matemática muitos alunos encontram-se completamente alienados de toda e qualquer atividade matemática ali desenvolvida. Serão estas atitudes o reflexo das baixas expectativas Em relação a esta disciplina? Será um problema de ansiedade e medo? Como e quando se desenvolvem? Parece-nos que, efetivamente, o ensino-aprendizagern da Matemática, atravessa uma profunda crise que a nível das escolas, como proposta do sistema, tenta combater-se através de projetos educativos de apoio individual aos alunos que apresentam maiores dificuldades. Por sua vez, cabe às estruturas de ensino organizar de forma exequível e implementar tais projetos.
Ao analisarmos os pressupostos da Lei de Bases do Sistema Educativo Português de 14 de Outubro de 1986, deparamos com os princípios orientadores da reforma educativa na qual está implícita a ideia de que a Matemática, assim como o Português, é uma área fulcral na formação global do aluno e, consequentemente, na do cidadão. Por conseguinte, e porque a Matemática é sem dúvida essencial ao desenvolvimento de quase todos os sectores, senão de todos, se os cidadãos não aprenderem Matemática e não desenvolverem a sua inteligência certamente os países terão muitas dificuldades em competir e absorver as contínuas revoluções tecnológicas.
Julgamos que é necessário para o sucesso estabelecer e implementar algumas ideias: a primeira, talvez a mais importante é, da parte do professor, depositar no seu trabalho todo o gosto, dedicação e empenho ao ensino; em segundo lugar, organizar as escolas de forma que, a priori, se perspective eficácia na ação a desenvolver. Por exemplo, o efetivo de uma turma ultrapassa em grande número o limite desejável, pelo que professor e alunos deixam de o ser, ou seja, um e outros vêem erradicadas as suas oportunidades de êxito. Eventualmente, concepções e práticas terão que se adaptar às necessidades atuais, sofrendo as mudanças necessárias, mudanças essas fruto da evolução das mentalidades e conscientização dos problemas efetivos inerentes a esta disciplina.
Atitudes e concepções em relação à Matemática e sua aprendizagem
As concepções que se têm da Matemática e dos objetivos em vista no seu ensino-aprendizagem podem constituir um ponto de partida relativamente a uma estratégia de ação no sentido de solucionar o problema do insucesso nesta disciplina. Analisando as atitudes e as concepções de alunos, pais (encarregados de educação) e professores, é possível orientar o ensino desta disciplina de modo a torná-la uma experiência escolar de sucesso. De notar que entendemos por atitude qualquer resposta do indivíduo a estímulos exteriores, e por concepções, a perspectiva com a qual cada um de nós aborda a Matemática e as atividades matemáticas. Muitas têm sido as investigações realizadas acerca das concepções dos professores, no entanto, iremos apenas opinar sobre as concepções dos alunos e dos pais.
Os alunos dizem...
Quando falamos de Matemática ocorre-nos a ideia de que, em geral, os alunos gostam da disciplina quando tem êxito na resolução das atividade que lhes são propostas. Num estudo realizado com 120 alunos dos 5º, 6º, 8º e 10º anos de escolaridade, em três escolas do distrito de Viseu, utilizamos um questionário com 4 itens relativos às distribuições do sucesso ou fracasso e às ideias dos alunos acerca da Matemática. Um dos resultados mais evidente da nossa investigação é a ideia de que a Matemática é uma disciplina complexa e sem qualquer utilidade prática, ou seja, não relacionada com a realidade. Para os alunos do 8º ano, na escola primária a Matemática era a disciplina preferida, mas no 10º ano sucede o contrário. Estes alunos apontam como uma das principais causas das múltiplas dificuldades que sentem a carência de conceitos básicos inerentes a anos escolares anteriores. Curiosamente, apenas os alunos do 6º ano de escolaridade apresentam índices razoáveis de hábitos de leitura e investigação. Quanto à utilização de materiais na sala de aula, nomeadamente da calculadora, os alunos do 8º ano são unânimes relativamente à sua utilização imprescindível nas aulas. No entanto, 47% consideram-na prejudicial para o cálculo (uma grande dificuldade da maioria dos alunos).
Dada a dificuldade em perceber a matéria os alunos recorrem, por vezes, a um explicador, sendo este fato mais notório a nível do 10º ano de escolaridade.
Os pais dizem...
Para muitos pais, a Matemática é considerada um quebra-cabeças dos filhos, ou seja, uma disciplina na qual a maioria dos alunos apresenta dificuldades. As principais causas do insucesso apontadas pelos pais são: a desmotivação dos alunos, a pouca atenção dos professores relativamente aos alunos com maiores dificuldades, a complexidade da disciplina, a carência de conceitos básicos, os inadequados métodos de ensino e a falta de estudo em casa.
Pensamos que muitas vezes a família aceita com toda a naturalidade um explicador de Matemática. Pessoalmente, julgamos que os pais deveriam ajudar logo no início, isto é, no 1º ciclo, com o intuito de incutir nos seus filhos a ideia de que a Matemática é uma disciplina interessante e criativa, onde errar significa aperfeiçoar técnicas e não desistir. Se um aluno for persistente decerto conseguirá obter êxito nesta disciplina. De seguida expomos os resultados que dizem respeito à investigação centrada na opinião dos pais.
Concluindo...
Os princípios orientadores da Lei de Bases do Sistema Educativo e a Reforma Curricular, atribuem cada vez mais prioridade e relevância ao desenvolvimento de atitudes e capacidades intelectuais, na medida em que a sociedade atual exige cidadãos melhor preparados intelectualmente: seres pensantes e autônomos.
Na aula de Matemática não podemos descurar nem minimizar os conteúdos científicos, bem como devemos ter a preocupação de capacitar os alunos em termos do domínio de processos e do desenvolvimento de aptidões que conduzam para a resolução de problemas, adaptando-os a novas situações.
O insucesso em Matemática não depende exclusivamente das características da disciplina nem das concepções dominantes acerca da sua aprendizagem. Urge renovar profundamente a escola, de forma a que esta se torne um espaço motivante de trabalho e de crescimento pessoal e social. Isso pressupõe, eventualmente, uma intervenção aos mais diversos níveis, incluindo as práticas pedagógicas, o currículo, o sistema educativo e a própria sociedade em geral. É necessário que os educadores matemáticos promovam uma visão da Matemática como uma ciência em permanente evolução, que procura responder aos grandes problemas de cada, mas também cria os seus próprios problemas. Podemos mesmo dizer que o desenvolvimento desta ciência alcançou um tal estado que esta se tornou uma parte crucial da cultura do homem de hoje e do homem de amanhã. Cada um de nós deverá tomar consciência da Matemática subjacente à maior parte das nossas atividades, não esquecendo que as boas atividades em Matemática são aquelas que relacionam o pensamento matemático com os conceitos matemáticos ou aptidões e que despertam a curiosidade dos alunos.


Por Que Ensinar Matemática?

POR QUE ENSINAR MATEMÁTICA?
As mentiras que dizemos acerca de nossos deveres e propósitos, as palavras sem sentido da Ciência e Filosofia, são paredes que caem ante um pequenino "Por quê?".
John Steinbeck
The Log from the Sea of Cortez
A Matemática é útil !
Esta é uma muito citada razão para ensinarmos Matemática. Ninguém se atreveria a dizer o contrário.
As perguntas que precisam ser respondidas, contudo, são:
A matemática que ensinamos foi selecionada de acordo com esse critério?
e, a resposta sendo sim , há mais esta:
Alguém, recentemente, reexaminou o presente currículo tendo em vista o citado critério?

Se examinarmos as aplicações que aparecem nas listas de exercícios de nossos livros textos, veremos que não pode-se acreditar que nossos currículos tenham sido selecionados em termos de plausíveis utilidades.
Implícito na cultura ocidental está a noção de que a Natureza é regida por leis matemáticas. A crença no Determinismo nos faz crer que se conhecermos as leis ( matemáticas ) da Natureza, bastará alimentá-las com dados/medidas para podermos ficar conhecendo o futuro. Causa e previsível efeito. Mais do que isso, as formas naturais imitariam a perfeição das figuras euclidianas, como círculos e triângulos. Nas palavras de Galileo Galilei: Deus escreveu o Universo usando a linguagem matemática. Consequentemente, o entendimento da Matemática é pre-requisito para o entendimento, apreciação e controle da Natureza.
Na verdade, Deus deve ter escrito o Universo em linguagem matemática, mas está ficando cada vez mais evidente que para isso ele não usou as equações e fórmulas estudas no primário e secundário. Essas suposições implicam que os fenômenos naturais são descritos por funções deriváveis, e isso não corresponde ao que se mede e observa nos laboratórios e no campo. Ademais,já é de algum tempo que os matemáticos aplicados sabem que a Matemática não rege a Natureza; ela apenas a descreve e isso de modo bastante grosseiro. Descobertas recentes, como a caoticidade, enterraram bem fundo o Determinismo Clássico.
Duas opiniões suportando o que acabamos de colocar:
1.                       Se as leis da Matemática aplicam-se a realidade, não estou certo. E se elas são certas, elas não aplicam-se a realidade.
Albert Einstein, em Geometry and Experience.
2.                       O que observamos não é propriamente a Natureza, mas sim a Natureza revelada ao nosso método de questionamento.
Werner Heisenberg, em Physics and Philosophy.
Um currículo de matemática baseado em paradigma descritivo , em vez de um paradigma prescritivo, ainda está por ser desenvolvido.



A Matemática prepara para a cidadania !
O preparo do cidadão envolve o desenvolvimento de habilidades profissionais. Muitas dessas dependem de matemática.
Essa, sem dúvida, é uma justificativa mais do que suficiente para ensinarmos matemática. Eu acrescentaria que os estudantes devem, também, adquirir habilidades relacionadas com o gerenciamento responsável de suas finanças pessoais. Em adição, para que possa participar das decisões políticas cada vez mais comuns na sociedade moderna, é necessário um certo nível de entendimento de conceitos estatísticos e econômicos.
Essa matemática apropriada para o preparo da cidadania não é ensinada no nosso sistema escolar. Sob a denominação de Consumer Mathematics, tópicos modificados ( leia-se "diluídos" ) desse tipo começam a ser oferecidos, nos USA e Canadá, para alunos que não pretendem ingressar na universidade.
Entre o que estuda-se nos secundário há pre-requisitos para tópicos essenciais encontrados na educação universitária ou vocacional. Estudantes que esperam fazer estudos pós-secundários, em escolas técnicas ou universidades, sabem que boas notas nas disciplinas de matemática do secundário são fundamentais para o ingresso nessas instituições. A tendência é de nem ser mais suficiente ter "boas notas", é cada vez mais importante ter as "melhores notas".
Mas é também verdade que as pessoas responsáveis pelos exames vestibulares sabem que a Matemática é um eficiente filtro. E eles até defendem-se alegando que quem teve bom desempenho em Matemática demonstrou capacidade de aprender e é, consequentemente, capaz de sair-se bem em outros assuntos. Isso provavelmente é verdadeiro; mas será que não é demasiado desperdício e será que não existe outro critério com maior correlação com o sucesso ?
Uma das coisas que torna a Matemática especialmente atrativa com filtro é sua alta capacidade de discriminar entre respostas certas e erradas. Isso lhe dá uma aura de instrumento altamente preciso.
De qualquer modo, como os vestibulares de vários tipos envolvem prova de conhecimento de matemática do secundário, todo o currículo do secundário acabou gravitando em torno disso. Resultado: formação cultural, desenvolvimento da capacidade de pensar e resolver problemas, utilidade na vida do cotidiano, entendimento dos fenômenos naturais, e a cidadania consciente e informada NADA TEM A VER com tal currículo.
Apesar do pequeno percentual de estudantes que completam estudos pós-secundários, muitas vezes em campos envolvendo nenhuma matemática, o currículo do primário e secundário é determinado em função do que as instituições pós-secundárias exigem em seus exames de admissão. E isso é tudo.



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Prepare-se para o Enem

Para quem quer se preparar para o Enem, entre em www.khanacademy.org procure por wagnermatemática e entre com o código da turma de preparação para o Enem  NBPXPB.


Você só precisa saber uma coisa:
Você pode aprender qualquer coisa.